segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Loucura Americana (1932), por Louis Skorecki



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Loucura Americana. Ciné Cinéfil, 19h 15.

Por Louis SKORECKI — 19 de fevereiro de 1997 às 17:21




          Em 1932, Frank Capra já é um grande cineasta. Ele contribuiu ao inventar, desde Tramp, Tramp, Tramp e Long Pants, o formidável personagem burlesco de Harry Langdon. Tão personalista quanto Buster Keaton, esse eterno bebê empoado e extravagante transforma em vítima fantasma as catástrofes de um mundo urbano no qual se sente definitivamente estrangeiro. Capra se servirá mais tarde desta silhueta de poeta extraterrestre para criar seus próprios personagens, de um estranho individualismo, ocupados em reformar, a partir do sonho e da utopia, sociedades nas quais se sentiam excluídos.

           Naquele momento, após já ter assinado algumas obras-primas quase experimentais como Flight em 1929 (as aventuras espalhafatosas de um grupo de aviadores num fabuloso som direto pré-histórico), Rain or Shine em 1930 (uma antecipação das mais furiosas aventuras dos Stooges ou dos Marx Brothers) e três melo-maravilhas de 1932, Platinum Blonde, Miracle Woman e Forbidden, ele se lança alguns meses depois em direção da aventura de American Madness. Produzido por Herry Cohn, este filme é a primeira colaboração entre o futuro autor de A Felicidade Não Se Compra e seu roteirista favorito, Robert Riskin. Com uma energia inventiva e generosa que nos recorda curiosamente outro filme de 1932, La Nuit du Carrefour (realizado nos subúrbios de Paris por Jean Renoir), Capra conta a história de um diretor de banco (Walter Huston) que está prestes a perder o emprego. Este homem, que prefere emprestar o dinheiro parado nos cofres e que ama seus pequenos funcionários, é fortemente criticado por seu “board of directors”. O começo do filme (cinco homens na impressionante sala dos cofres) e a sua primeira parte (o pânico que se instaura entre os pequenos correntistas) são de um virtuosismo de perder o fôlego. Capra conta em suas memórias que cortou o começo e o fim de cada cena para poder ir mais rápido. Em uma hora e quinze minutos, ele constrói sua obra com uma engenhosidade a qual perderá sistematicamente ao longo dos anos que se seguirão.




Tradução: Yuri Ramos

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